Sociólogo Elísio Macamo Critica Expulsão de Agentes da PRM e Apela à Revisão Estrutural na Polícia

Sociólogo Elísio Macamo Critica Expulsão de Agentes da PRM e Apela à Revisão Estrutural na Polícia

 O sociólogo moçambicano Elísio Macamo considera inadequada a expulsão dos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) envolvidos nos incidentes ocorridos esta semana em Bobole, província de Maputo, onde um menor foi baleado, levando ao linchamento de um agente policial por populares revoltados.

Em reação ao caso, Macamo lamentou profundamente os acontecimentos, mas alertou que a solução não passa por sanções isoladas aos polícias, e sim por uma reflexão mais profunda sobre os mecanismos de formação e actuação dentro da corporação.

“O que mais me preocupa não é o comportamento do agente envolvido, mas sim os processos de formação e os instrumentos que o Ministério do Interior utiliza para garantir que os seus membros actuem de forma responsável”, afirmou o sociólogo, sublinhando que os problemas da polícia são de natureza sistémica e não apenas individuais.

Segundo Macamo, medidas como a expulsão dos agentes funcionam apenas como resposta imediata à indignação pública, mas não atacam a raiz do problema. “Não foram os agentes que falharam, foram os instrumentos que os regulam. A responsabilidade política está em rever esses mecanismos, não apenas em punir indivíduos”, defendeu.

Por outro lado, o académico sublinhou a importância de responsabilizar judicialmente os autores do linchamento do agente da PRM. “Essas pessoas também cometeram um crime e devem ser identificadas e levadas à justiça. Só assim poderemos construir uma sociedade moralmente equilibrada”, apontou, destacando os efeitos psicológicos que tal acto pode ter tido sobre os envolvidos, especialmente fora do contexto da euforia colectiva.

As declarações foram feitas à margem da oficina de ideias “Responsabilidade da Juventude em Tempos de Crise”, realizada no âmbito da iniciativa Manifesto Cidadão. Macamo destacou que o encontro visa encorajar o pensamento crítico entre os jovens num momento em que o país atravessa uma crise política acentuada, marcada por polarização pós-eleitoral e dificuldades no diálogo entre diferentes sensibilidades.

“O jovem tem a responsabilidade de assumir a construção do futuro do país. Em tempos de divisão, é preciso que alguém traga a voz da razão”, concluiu.

O evento integra uma série de acções que pretendem promover a cidadania activa, o debate público e a busca de soluções para o reforço da democracia em Moçambique.

Postagem Anterior Próxima Postagem

نموذج الاتصال